FALECEU NA CIDADE DE RODOLFO FERNANDES BENTO HONÓRIO, O
BENTO DA COVINHAS
Faleceu neste dia (23) em Rodolfo Fernandes-RN Bento Honório... o
Bento das covinhas que ficou conhecido pela história das covinhas na região,
história que ficou bastante conhecida no Estado e por atrair todos os anos
milhares de fiéis a esta capela no dia das crianças, elevando o turismo
religioso no município.
Segundo informações problemas de saúde
enfrentados foram a causa desta partida que irá, com certeza, fazer muita
falta.
Veja a História Completa Abaixo:
Historia das Meninas das covinhas
Uma igrejinha construída na divisa entre os Estados do Rio
Grande do Norte e Ceará, município de Rodolfo Fernandes, marca o lugar exato
onde no ano de 1877 duas meninas irmãs morreram de fome e sede, quando
acompanhavam os pais e outros vários retirantes na fuga de uma das maiores
secas registradas na história desta região. Era Mãe Cândida que contava essa
história aos netos, sempre que eles perguntavam sobre um clarão que viam
naquelas bandas de chão, numa época onde ali energia elétrica ainda não
existia. Um dos netos era Raimundo Honório Cavalcante de Oliveira, conhecido
como Bento Honório, que em 1953 realizou o sonho de comprar a fazenda Sossego,
e que acabou se tornando precursor de uma história de muita fé, que tem atraído
pessoas de várias partes do Brasil: a história das Anjinhas das Covinhas.
História que é contada pelo próprio Bento Honório...
"No dia 24 de
agosto de 1980 senti uma dor muito forte, no momento em que mexia em uma cerca
da fazenda. Cheguei em casa muito mal, a ponto de desmaiar. Era uma
quarta-feira. A família decidiu que eu deveria ir para Mossoró no outro dia.
Estava tão mal que fiquei mesmo em Itaú, cidade vizinha, de onde retornei no
sábado. No domingo, as dores pioraram. Nesta noite eu estava sentado numa
cadeira do quarto, pouca luz, quando tive a primeira visão das meninas. Elas
estavam em pé, na porta.
No dia seguinte fui internado no Hospital Almeida Castro, em
Mossoró. Recebi soro e medicamentos, passei o maior sufoco, o maior sofrimento.
Por sugestão de vários médicos, entre eles o ex-deputado
Laíre Rosado, fui transferido para o Hospital Geral de Fortaleza, que estava
sem vagas. Fiquei então no Hospital Fernando Távora. Exames, medicamentos,
banhos e ninguém sabia ainda o que eu tinha.
O Dr. Fausto falou que poderia ser hepatite. Mandou tirar
sangue e não era. Dr. Célio mandou bater um raio-x, e nada. Pediram então uma
Junta Médica. O Dr. Afonso chegou a me desenganar, mas a decisão foi o
isolamento, pois poderia ser uma doença contagiosa, talvez de rato ou outro
animal. Fui então para o Hospital Geral para um isolamento de 10 dias. Sentia
muita dor e paralisia no corpo todo, a ponto de nem conseguir dormir. Se
morresse o corpo ficaria para estudos.
No primeiro dia, fiz uma cirurgia onde botaram um aparelho
na minha barriga para que eu recebesse dois soros simultaneamente. Nesta noite
faltou energia. Nos poucos segundos antes do gerador ser ligado, tive a segunda
visão das meninas. Foi quando fiz uma promessa.
Uma amostra de meu sangue foi mandada para o Rio de Janeiro,
o resultado viria com quatro dias. Durante este período não podia beber água,
só soro. Ouvi dos enfermeiros que até as roupas de cama eram queimadas. Não
podia receber visitas de ninguém.
No quarto dia, quando amanhecia, uma senhora e duas meninas
entraram no quarto. Eu ainda estava bastante sonolento, mas lembro muito bem
quando a mulher pediu a uma das meninas uma válvula para retirar o aparelho de
soro que estava ligado ao meu umbigo. Ainda hoje vejo a mão da menina entregando
esta válvula. Retiraram toda a aparelhagem e fizeram o curativo.
Quando Dr. Célio chegou perguntou quem havia retirado o
aparelho e feito o curativo. Respondi que tinha sido uma senhora de branco e
duas meninas. Ele logo pensou que eu estava delirando, mas quando procurou
saber na equipe como aquilo havia ocorrido, e porque no prontuário não havia
nada, ninguém soube dar a resposta. Foi quando contei para Dr. Célio sobre
minhas visões.
Em meio a perplexidade dos médicos, chegaram os exames com
resultado negativo. Mandaram refazer. Mais quatro dias sem água, e agora
recebendo soro pelo braço. Novamente resultados negativos. Na noite do 10º dia
no isolamento, tive uma nova visão. Vi o local das covinhas com todos os
detalhes: uma árvore caída e uma pequena lagoa marcaram aquela visão. E ouvi
uma voz dizendo: "Com os poderes de Deus, o Sr. está curado".
No outro dia convocaram uma junta médica com 20 médicos. Não
podiam atestar qualquer doença devido todos os exames darem negativo. Decidiram
por minha permanência por mais dez dias no hospital. Depois teria que fazer
exames regulares em 15, 30, 60 e 120 dias após a alta do hospital. Nenhum
remédio foi recomendado." Bento Honório Trinta dias exatos do dia em que
havia saído de casa, Bento retornou com um Cruzeiro que encomendara em
Fortaleza. Neste mesmo dia foi em busca do lugar que as visões indicaram. A
partir daí começou a luta para erguer a igreja e dar a ela uma estrutura digna
para receber os fiéis. Ele diz que não foi difícil devido ter recebido inúmeras
doações de pessoas das mais diversas cidades, inclusive do sul do país, que não
sabiam nem onde era Rodolfo Fernandes.
Durante anos realizou o sonho da construção da Igreja das
Covinhas, a obra física. A obra espiritual, no entanto, está presente nas
milhares de pessoas que todos os anos visitam a Igreja e o Cruzeiro, com suas
histórias, preces e agradecimentos.
A Igreja das Covinhas está a 5 km da cidade de Rodolfo
Fernandes, distante 130 km de Mossoró, e 400 km da capital Natal.
Fotos Extraídas das Redes Sociais
Márcio Melo com Texto da Maracajá On Line