Dilma: impeachment resultará na eleição indireta de um
governo usurpador
A presidenta afastada Dilma Rousseff faz sua defesa diante
dos senadores, na sessão de julgamento do impeachmentMarcelo Camargo/Agência
Brasil
Ao apresentar pessoalmente nesta segunda (29), por cerca de
45 minutos, sua defesa aos senadores, a presidenta afastada Dilma Rousseff ,
ressaltou que foi ao Senado "olhar diretamente nos olhos" dos que a
julgarão. Em seu discurso, Dilma não poupou críticas ao governo interino de
Michel Temer.
"Um golpe que, se consumado, resultará na eleição
indireta de um governo usurpador. A eleição indireta de um governo, que, já na
sua interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando um povo
nas urnas escolheu uma mulher para comandar o país", afirmou.
"Sei que, em breve, e mais uma vez na vida, serei
julgada. E por ter minha consciência absolutamente tranquila em relação ao que
eu fiz, venho pessoalmente à presença dos que me julgarão", afirmou.
A petista negou ter cometido crimes dos quais é acusada,
segundo ela, “injusta e arbitrariamente”. Hoje, o Brasil, o mundo e a história
nos observam. E aguardam o desfecho desse processo de impeachment", disse.
"Jamais atentaria contra o que acredito, ou praticaria
atos contrários aos interesses daqueles que me elegeram", disse a petista,
visivelmente emocionada, com a voz embargada por várias vezes. Dilma disse que
se aproximou do povo e, também, ouviu críticas duras a seu governo.
Composição ministerial
Dilma também disparou críticas à composição ministerial
montada por Temer desde o afastamento dela, em 12 de maio deste ano. "Um
governo que dispensa os negros na sua composição ministerial. E já revelou um
profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo."
A presidenta afastada afirmou que durante seu governo e do
presidente Lula, "foram dadas todas as condições para que as investigações
fossem realizadas".
"Assegurei a autonomia do Ministério Público, não
permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal.
Contrariei interesses, por isso paguei e pago um elevado preço pessoal pela
postura que tive", afirmou.
Cunha
Dilma lembrou a atuação do ex-presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que foi o responsável por dar o sinal verde
ao processo contra ela na Casa.
Sobre os políticos que se aliaram ao ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, ela disse eles encontraram "o vértice da sua
aliança golpista". "Articularam e viabilizaram a perda da maioria
parlamentar do governo. Situações foram criadas com apoio escancarado de
setores da mídia", disse. "Todos sabem que esse processo de
impeachment foi aberto por uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha."
Segundo Dilma, se ela tivesse se "acumpliciado"
com a improbidade e com o que, classficou, que “há de pior na política
brasileira, como muitos até hoje parecem não ter o menor puder em fazê-lo, eu
não correria o risco de ser condenada injustamente", afirmou.
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