Marcada por bate-boca, sessão de julgamento é suspensa e
almoço antecipado
da Agência Brasil
Brasília - Confusão entre os senadores Gleisi Hoffmann,
Lindbergh Farias e o presidente do Senado, Renan Calheiros, durante o segundo
dia da sessão de julgamento do impeachment da presidenta afastada Dilma
Rousseff
Confusão entre os senadores Gleisi Hoffmann, Lindbergh
Farias e o presidente do Senado, Renan Calheiros, durante o segundo dia da
sessão de julgamento do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Com menos de duas horas do reinício dos trabalhos da sessão
de julgamento do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff,
desentendimentos entre os senadores levaram o presidente do Supremo Tribunal
Federal, Ricardo Lewandowski, a suspender a sessão duas vezes. Na última
interrupção, o magistrado decidiu antecipar o horário do almoço e o julgamento
será retomado às 13h.
O primeiro bate-boca começou quando o senador petista
Lindbergh Farias (RJ) pediu a palavra e atacou o democrata Ronaldo Caiado (GO)
que lhe antecedeceu. "Esse senador que me antecedeu é um desqualificado. O
que fez com senadora Gleisi é de covardia impressionante, dizer que tentou
aliciar testemunha", afirmou o petista.
Na sequência, Lewandowski alertou Lindbergh. "Não posso
admitir palavras injuriosas dirigidas a qualquer senador. Vou usar meu poder de
polícia para exigir respeito mútuo e recíproco."
Caiado respondeu fora dos microfones. Disse que Lindbergh
tem mais de 30 processos no STF e "cracolândia em seu gabinete". Como
o tumulto continuou, o presidente do STF pediu que os microfones fossem
desligados e a sessão suspensa por cinco minutos.
A sessão foi retomada com o apelo feito pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que até agora não tinha se manifestado. O
peemedebista começou pedindo para que os senadores reduzam as questões de ordem
repetidas, mas esquentou o clima ao lembrar da declaração de ontem, feita pela
senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que provocou o primeiro grande tumulto do dia.
Nessa quinta-feira (25), Gleisi disse que o Senado não tinha moral para julgar
a presidenta afastada Dilma Rousseff.
“Esta sessão é uma demonstração de que a burrice é infinita.
A senadora Gleisi chegou ao cúmulo de dizer que o Senado não tem condição moral
de julgar a presidente”, afirmou.
Esquentando ainda mais o ambiente e provocando a reação
imediata de petistas, Renan lembrou que Gleisi e o marido, o ex-ministro das
Comunicações do governo Dilma, Paulo Bernardo, foram indiciados por corrupção
passiva na Operação Lava Jato. Os dois são acusados de receber propina de
contratos oriundos da Petrobras.
Renan chegou a afirmar que o Senado estava passando para a
sociedade uma imagem de que Lewandowski estava sendo, constitucionalmente,
obrigado a "presidir um julgamento em um hospício" e que nenhum dos
lados ganharia esta disputa baseada em bate-boca político.
"Como uma senadora pode fazer uma declaração dessa?
Exatamente, sr. Presidente, uma senadora que, há 30 dias, o Presidente do
Senado Federal conseguiu, no Supremo Tribunal Federal, desfazer o seu
indiciamento e do seu esposo", atacou Renan.
Gleisi foi em direção a Renan afirmando ser mentira, apoiada
pelo senador Lindbergh que gritava "baixaria" e que acabou sendo
empurrado por Renan.