Reforma pode obrigar aposentado a contribuir com Previdência
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A equipe responsável pela proposta de reforma da Previdência
em estudos no governo, subordinada ao presidente Michel Temer, estuda mudar a
Constituição para abrir caminho para a cobrança de contribuição previdenciária
de todos os aposentados.
A ideia é que o governo federal, os Estados e os municípios
tenham autonomia para estabelecer a cobrança. Isso pode impactar tanto
segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) quanto servidores
públicos.
Atualmente, a Constituição prevê que a contribuição deve ser
paga apenas por inativos que recebem acima do teto do INSS (R$ 5.189,82). Ou
seja, na prática só funcionários públicos são cobrados.
A cobrança, hoje, incide somente sobre o valor que excede o
teto do INSS, e a alíquota deve ser igual à da ativa.
Servidores da União e da maioria dos Estados pagam
contribuição de 11% na ativa. Em alguns casos, ela pode chegar a 14%. No INSS,
há três alíquotas, a depender do salário do trabalhador, de 8%, 9% e 11%. Os
militares, que têm regras próprias, pagam 7,5% na ativa e na reserva.
De acordo com a proposta da equipe de Temer, a Constituição
passaria a prever que União, Estados e municípios terão competência de, por
meio de leis, instituir essa tributação. Cada ente poderia estabelecer qual
será a alíquota e taxar até quem recebe o piso previdenciário.
Para cobrar dos aposentados do INSS, que hoje não pagam a
contribuição, caberia ao governo federal enviar ao Congresso um projeto de lei.
O trabalhador do setor privado que recebe um salário mínimo,
por exemplo, paga R$ 70,40 de INSS (alíquota de 8%) e fica com R$ 809,60
líquidos. Ao se aposentar, deixa de pagar essa taxa e fica integralmente com os
R$ 880.
Segundo um funcionário do governo que participa das
discussões, a avaliação é que, como hoje o valor líquido na aposentadoria é
maior que o salário da ativa, as pessoas são estimuladas a aposentar.
Segundo essa fonte, a situação atual vai contra um dos
princípios da reforma: o de que a pessoa, ao aposentar, não deve receber valor
acima do que recebia na ativa.
MAIS TRABALHO
Um dos objetivos do governo com a reforma da Previdência é
fazer com que os brasileiros passem mais tempo no mercado de trabalho.
A justificativa é que a expectativa de vida tem aumentado, a
população jovem está diminuindo e a Previdência tem registrado resultados cada
vez mais deficitários.
Antes de tomar a decisão de incluir ou não esse dispositivo
na reforma, a expectativa é que Temer consulte os governadores, que têm
enfrentado dificuldades financeiras.
O entendimento é que, se os governadores formalizarem apoio,
o Planalto garante mais votos no Congresso.
O tema, no entanto, deve provocar mais reações contra a
reforma, pois a eventual cobrança também atingiria quem se aposentou antes da
possível aprovação dessa regra. Além disso, haveria uma queda imediata na renda
de todos os aposentados.
A maioria das mudanças previstas terá impacto apenas para
quem ainda não se aposentou –como as novas regras de acesso ao benefício.
O governo quer adotar idade mínima de 65 anos para a
aposentadoria de homens e mulheres, com pelo menos 25 anos de contribuição. As
novas regras devem valer para homens com menos de 50 anos de idade e mulheres
com menos de 45.