Natal tem a cesta básica mais barata pelo 5º mês
consecutivo, diz Dieese
Pesquisa avalia e compara valor da cesta básica nas 26
capitais e DF.
Na média, natalense pagou R$ 366,90 pelo conjunto de
alimentos básicos.
Natalense pagou, em outubro, R$ 366,90 pelo conjunto de
alimentos básicos (Foto: Jorge Abreu/G1)
Pelo quinto mês consecutivo, Natal é a capital do país com a
cesta básica mais barata do país. É o que aponta estudo realizado pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese). Os dados foram
divulgados nesta segunda-feira (7). Na média, o natalense pagou R$ 366,90 pela
cesta em outubro – cujo valor registrou uma baixa de 0,17% em comparação ao mês
de setembro. No ano, no entanto, existe um aumento acumulado de 17,42%.
Em outubro, ainda de acordo com o Dieese, em 13 capitais
houve aumento no custo do conjunto de alimentos básicos. Nas outras 13 e mais
no Distrito Federal foi registrada redução. As maiores altas ocorreram em
Florianópolis (5,85%), Vitória (3,19%), Porto Pelho (2,18%) e Maceió (2,12%).
As retrações mais expressivas foram observadas em Brasília (-5,44%), Teresina
(-1,77%), Palmas (-1,76%) e Salvador (-1,66%).
A cesta básica mais cara é a de Porto Alegre (R$ 478,07),
seguida de Florianópolis (R$ 475,32) e São Paulo (R$ 469,55). Depois da capital
potiguar, Recife (R$ 373,66) tem a cesta mais barata entre as capitais.
Alta
Entre janeiro e outubro de 2016, ainda segundo a pesquisa do
Dieese, todas as cidades brasileiras acumularam alta. As elevações mais
expressivas foram observadas em Maceió (24,25%), Aracaju (23,69%), Rio Branco
(21,99%) e Fortaleza (21,21%). Os menores aumentos ocorreram em Brasília
(9,58%), Curitiba (10,52%) e Macapá (10,99%).
Cesta Básica x salário mínimo
Com base na cesta mais cara, que em outubro foi a de Porto
Alegre – e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece
que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador
e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário,
higiene, transporte, lazer e previdência – o Dieese estima que o valor do
salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas
deveria equivaler a R$ 4.016,27 em outubro. Hoje, o salário básico do
trabalhador é de R$ 880.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo
líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se
que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em outubro, 51,29%
para adquirir os mesmos produtos que, em setembro, demandavam 51,15%.
Comportamento dos preços
Em outubro, o Dieese aponta que houve predominância de alta
no preço da carne bovina de primeira, da manteiga, do açúcar, tomate e café em
pó. O feijão e o leite tiveram o valor reduzido na maior parte das cidades. A
carne bovina de primeira aumentou em 21 cidades em outubro. As altas variaram
entre 0,29%, em Macapá, e 6,67%, em Curitiba. As quedas mais expressivas foram
anotadas em Brasília (-1,27%) e Manaus (-1,23%). A menor oferta de animais para
abate e o aumento no ritmo de exportação diminuíram a disponibilidade interna,
o que provocou alta dos preços da carne bovina.
O preço do quilo da manteiga seguiu em alta na maior parte
das cidades. Entre setembro e outubro, 21 capitais apresentaram elevação do valor do
produto. As altas mais expressivas foram observadas em Palmas (9,64%), Boa
Vista (5,72%) e Brasília (4,15%). As diminuições mais significativas foram
registradas em João Pessoa (-3,00%), Macapá (-2,60%) e Vitória (-1,54%).
Apesar da oferta de leite normalizada, da redução da demanda
por laticínios e do recuo no preço do leite pago ao produtor, além da
diminuição no valor dos derivados, a cotação média da manteiga seguiu em alta
no varejo.
O quilo do açúcar aumentou em 20 capitais, com variações
entre 0,65%, em Macapá, e 15,41%, em Recife; ficou estável em Natal, Aracaju e Boa
Vista; e diminuiu em Belém (-2,28%), Rio de Janeiro (-0,55%), São Paulo (-0,34%) e Porto Alegre
(-0,33%). O elevado preço do açúcar no mercado internacional incentivou as
usinas a manter o preço do produto em alta, apesar da demanda estável.
O tomate teve o preço majorado em 19 cidades. As maiores
altas foram verificadas em Florianópolis (29,57%), Vitória (23,77%) e Porto
Velho (20,06%). As quedas mais importantes ocorreram em Belo Horizonte
(-6,68%), Goiânia (-6,51%) e Brasília (-6,32%). As chuvas prejudicaram a
qualidade do fruto e, por ser final de safra, a oferta diminuiu, o que elevou o
preço na maior parte do país.
O preço do café seguiu em alta em 19 cidades. As variações
oscilaram entre 0,63%, em Porto Alegre, e 3,65%, em Manaus. Houve estabilidade
em Belém e São Luís e redução em Belo Horizonte (-3,59%), Florianópolis
(-1,14%), Salvador (-0,73%), Macapá (-0,61%), Brasília (-0,61%) e Teresina
(-0,34%). Alguns fatores explicaram a alta do café: a expectativa de baixa
produção para a safra 2017/18, a valorização do dólar diante do real e a baixa
oferta do grão robusta.
Nas 26 capitais e no Distrito Federal, houve queda do preço
do feijão em 21. O do tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste,
Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, diminuiu em 18 cidades e as
variações oscilaram entre -1,14%, em Rio Branco, e -10,77%, em Brasília. Houve
alta em Manaus (9,45%), Macapá (0,68%), Boa Vista (0,54%) e Maceió (0,50%). Já
o preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de
Janeiro, aumentou em Porto Alegre (3,14%) e Florianópolis (1,19%) e mostrou
redução em Curitiba (-1,25%), Vitória (-1,37%) e Rio de Janeiro (-1,46%).
Oferta normalizada do grão carioca e menor demanda devido aos altos preços
explicaram a queda de valor no varejo na maior parte das cidades.
O preço do leite diminuiu em 21 cidades. As quedas oscilaram
entre -0,23%, em Fortaleza, e -12,67%, em Curitiba. Os aumentos foram anotados
em Salvador (0,23%), Rio Branco (0,42%), Maceió (1,41%), Manaus (1,79%), Boa
Vista (2,91%) e Aracaju (5,46%). O fato de a oferta do produto ter se
normalizado e a demanda ter sido menor explica a diminuição do preço do leite
integral na maior parte das capitais.
Natal
Em Natal, entre setembro e outubro, sete produtos
apresentaram aumento de preço: tomate (5,25%), café em pó (2,30%), carne bovina
de primeira (2,22%), arroz agulhinha (1,58%), manteiga (1,52%), pão francês
(1,0%) e farinha de mandioca (0,54%). No que se refere às reduções de preço,
quatro produtos apresentaram baixa: banana (-6,53%), feijão carioquinha (6,04),
leite integral (-5,01%) e óleo de soja (-0,80%). Um produto manteve a
estabilidade em seu preço, qual seja, o açúcar.
No acumulado do ano, o feijão carioquinha acumulou alta de
124,45%; já a manteiga, 58,47%; a farinha de mandioca, 54,60%; o açúcar,
29,66%; o leite integral longa vida, 24,48%; o arroz agulhinha, 22,39%; o café
em pó, 20,21%; a banana, 14,05%; o pão francês, 7,57%; a carne bovina de
primeira, 2,14% e o óleo de soja, 1,09%. Apenas o tomate teve variação negativa
acumulada, -13,94%.
O trabalhador natalense, cuja remuneração equivale ao
salário mínimo, necessitou cumprir jornada de trabalho, em outubro, de 91 horas
e 44, menor que o tempo necessário em setembro, de 91 horas e 53 minutos.
Em outubro, o custo da cesta em Natal comprometeu 45,32% do
salário mínimo líquido (após os descontos previdenciários), apresentando leve
redução se comparado ao percentual exigido em setembro, que foi de 45,40%.
Do G1 RN