Oficiais contestam comando da PM e recorrem à quebra de hierarquia
Um movimento interno na Polícia Militar do Rio Grande do Norte está contestando o comando da PM por falta diálogo e obrigando os representantes dos oficiais a quebrar a hierarquia. A reclamação, que era tratada como sussurro nos intramuros militares, foi vocalizada nesta segunda-feira (7).
“O diálogo com o comando tem sido muito difícil. Ele chega a ser inacessível”, cravou o presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares (Asspmbm/RN), subtenente Eliabe Marques.
Segundo seu relato, policiais têm procurado a associação justamente para intermediar reivindicações que cabem ao comando tomar, como a reforma do código de ética da instituição.
“Mas raramente há retorno. Conseguíamos dialogar com o comando anterior, mas com esse, não. Nesse, a gente conversa com um ajudante de ordem que fica de dar retorno sobre a agenda do comandante, o coronel Dancleiton [Pereira Leite], e são raras as vezes em que há retorno”, resumiu Eliabe, que se antecipou apresentando a solução.
“O que nos resta é quebrar a cadeia de comando. É mais fácil conseguir se reunir com a chefe do Gabinete Civil, que é o que temos feito, do que com o comando da Polícia Militar”, disparou o presidente Asspmbm.
Questionado se, como subordinado, não teme retaliação – um soldado foi preso em setembro por criticar a corporação no Facebook – Eliabe foi prático.
“Temo retaliação, temo, mas não podemos nos calar. Eles podem retaliar, como fazem facilmente. Mas a função que ocupo me obriga a dizer isso”, pontuou.
Outro lado
Procurada para comentar o caso, a assessoria de imprensa da Polícia Militar informou que rebater algo “de boca”, sem ter saído em lugar algum, era delicado. A reportagem informou que as declarações de Eliabe seriam publicadas e se tornariam matéria. A assessoria, então, acrescentou que quando isso acontecesse melhor.
Além disso, acrescentou que como se tratam de críticas direcionadas ao coronel Dancleiton, precisaria que o próprio visse o conteúdo para discutir o que será feito.
O portalnoar.com não conseguiu contatar o comandante da Polícia Militar. Ele cumpre agenda nesta segunda-feira em Florianópolis (SC).
Por Dinarte Assunção/Portal no AR