Após 27 anos, acusado de matar médico em Alexandria/RN é
julgado
Ex-mulher do médico, Maria Tereza Paiva e filha Teresa
Oliveira (Foto: Teresa Oliveira/Arquivo Pessoal)
Um crime que aconteceu há quase três décadas e que somente agora,
nesta terça-feira (13), deve chegar a um desfecho. O caso em questão é o
julgamento do comerciante Evaristo Mesquita de Figueiredo, acusado de matar a
tiros o próprio primo, o médico Gentil Paiva. O crime aconteceu no dia 25 de
maio de 1989 em Alexandria, cidade da região Oeste potiguar. "A justiça
tarda, mas não falha", disse Teresa Oliveira, filha do médico.
O julgamento do acusado até chegou a acontecer, em dezembro
de 2011, mas foi anulado pelo Tribunal de Justça por um erro na votação.
Advogado da família, Félix Araújo explica que as qualificadoras enumeradas pelo
Ministério Público - motivo fútil e emboscada - não foram levadas em
consideração. "Evaristo não pegou nenhuma qualificadora. O juri votou
errado, deu uma confusão na hora”, explicou.
O júri popular de Evaristo foi à revelia, já que na época
estava foragido. Na ocasião, ele acabou condenado a 17 anos e três meses de
prisão em regime fechado. Encontrado e preso dois anos depois na cidade de
Aracruz, no Espírito Santo, ele agora sentará no banco dos réus pela primeira
vez.. O comerciante aguarda o júri em regime semiaberto no Complexo Penal João
Chaves, na Grande Natal.
Um novo júri
"O Tribunal entendeu que o júri foi equivocado em 2011,
por não adicionar as qualificadoras. Agora, é esperar para ver se aceitam ou
não as qualificadoras", explica Félix. A expectativa do advogado é que a
pena, acrescida dos agravantes, chegue até 30 anos.
Comparsa
Segundo a denúncia feita pelo MP, Evaristo não agiu sozinho.
Também participou do crime Wildenberg Fernandes de Oliveira, igualmente
condenado pela morte de Gentil. No caso dele, denunciado por homicídio simples.
Ele até hoje é procurado pela polícia.
Em carta aberta, os filhos do médico falam sobre a
expectativa com o julgamento "Não haverá o que comemorar, nosso pai
continua morto, um homicídio fecha muito mais do que uma porta", escrevem.
Segundo Teresa Oliveira, filha do médico, as motivações do crime não são
claras, mas seriam rixas familiares e questões políticas.
Local do crime, uma oficina na cidade de Alexandria (Foto:
Teresa Oliveira/Arquivo Pessoal)
O crime
O médico Gentil Oliveira era vice-presidente do diretório
municipal do PMDB em Alexandria quando foi assassinado em maio de 1989. Tinha
destaque na sua atuação como médico e foi diretor do hospital da cidade, o
Joaquina Queiroz. Gentil havia se candidatado a prefeito em 1988, mas perdera a
eleição.
No dia 25 de maio de 1989, o médico foi executado. Ele
estava na oficina mecância de um amigo, jogando baralho, quando dois homens
invadiram o local e dispararam 12 vezes contra a vítima. Os homens eram seus
primos: Wildenberg Fernandes de Oliveira e Evaristo Mesquita de Figueiredo.( O
Tostão).
A vítima foi transferida para o hospital em Pau dos Ferros e
posteriormente para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital
Walfredo Gurgel, em Natal. No dia 28, Gentil teve complicações renais que
forçaram a sua transferência para Recife. No mesmo dia, não resistiu à
gravidade dos problemas causados pelos disparos que o atingiram e morreu aos 45
anos de idade.
G1 RN