Se brincar tem a terceira guerra mundial - China deve aumentar arsenal nuclear para confrontar Trump,
diz jornal chinês
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, durante uma conversa
telefônica com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, no dia 2 de Dezembro,
em TaipeiAgência Lusa/EPA/OFFICE OF THE PRESIDENT OF TAIWAN
A China deve “aumentar significativamente" os seus
gastos militares e construir mais armas nucleares, preparando-se para o
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu hoje (8) o Global Times, jornal próximo do Partido
Comunista Chinês (PCC). As informações são da Agência Lusa.
Em editorial, o Global Times, jornal em inglês do grupo do
Diário do Povo, o órgão central do PCC, defende "um aumento significativo
das despesas militares da China, em 2017". Segundo o texto, o país
asiático deve "construir mais armas nucleares estratégicas e acelerar a
instalação dos mísseis balísticos intercontinentais DF-41" para proteger
os seus interesses, caso Trump aja de "forma inaceitável" para com o
país.
Trump atacou frequentemente a China durante a sua campanha
presidencial, designando o país como o "inimigo" que faz dos EUA
"palermas". Mas ele indicou também que não deseja projetar o poder
dos EUA além-fronteiras, afirmando que a América está cansada de pagar para
defender aliados como o Japão e a Coreia
do Sul. Trump chegou mesmo a sugerir que esses países construam as suas
próprias armas nucleares.
O editorial do Global Times surge na sequência de um 'post'
de Trump na rede social Twitter, em que ele critica as políticas externa e
comercial da China, e depois da conversa por telefone do presidente eleito com
a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen.
Pequim considera Taiwan parte do seu território, pelo que o
contato de alto nível com Taipé, capital de Taiwan, sugere um apoio às
aspirações independentistas do território. No editorial o Global Times
escreveu: "Precisamos nos preparar melhor militarmente, para garantir que
aqueles que advogam a independência de Taiwan sejam castigados, e tomar
precauções em caso de provocação dos EUA no Mar do Sul da China".
Trump escolheu esta semana o governador de Iowa, Terry
Branstad, que tem laços antigos com o Presidente da China, Xi Jinping, para ser
o embaixador norte-americano em Pequim. A escolha sugere que o magnata quer
manter boas relações com o país, mas o jornal estatal China Daily permanece
pessimista quanto ao futuro das relações entre as duas maiores potências do
planeta.
"A China tem de estar preparada para o pior",
escreveu em editorial o China Daily, na edição de hoje. "O que aconteceu
nas últimas semanas sugere que as relações entre a China e os EUA atravessam um
período de incerteza nunca visto antes, mostrando que Trump pode não só ladrar
como morder também", afirmou o periódico.